Conflito na Ucrânia revive dias tensos
10/04/2021 14:23
Desde 2014, guerra pelo controle do leste ucraniano praticamente nunca cessou, mas havia sumido do noticiário. Em meio à pandemia, Rússia faz deslocamento de tropas sem precedentes, e Ocidente liga o alerta. Na última sexta-feira (09), o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, ligou para seus homólogos francês e alemão para discutir a escalada de tensão no leste ucraniano, região que desde 2014 vive um conflito armado. Ao alemão Heiko Maas e ao francês Jean-Yves Le Drian, Blinken chamou a movimentação de tropas russas na fronteira de uma provocação inaceitável. No dia anterior, a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, havia ligado para Vladimir Putin e apelado por uma desescalada da situação.
Segundo observadores, o Ocidente ainda está tentando entender o que Moscou quer com a movimentação de tropas, neste que pode ser primeiro grande desafio político internacional para o governo Joe Biden, com EUA e, sobretudo a União Europeia, imersos na crise associada à pandemia. Desde o início do mês, as mídias sociais russas estão tomadas por imagens de carros blindados cheios de soldados, alinhados no perto da fronteira, de tanques estacionados às margens das principais estradas, de artilharia pesada sendo transportada por trem.
De acordo com a inteligência americana, a movimentação é tratada como o maior deslocamento das tropas russas em direção à fronteira com a Ucrânia em sete anos, quando começou o conflito na região. Em 2014, pouco após a anexação da Crimeia por Moscou, forças ucranianas e os separatistas pró-russos iniciaram uma batalha por território no leste da Ucrânia. Mais de 14 mil pessoas foram mortas nos combates, que tiveram poucos momentos reais de trégua. Os esforços de negociação para uma solução política vivem atualmente um impasse.
Escalada militar e retórica
O Kremlin disse na sexta-feira que teme uma retomada dos combates em larga escala no leste da Ucrânia e que poderia tomar medidas para proteger civis russos na região, um alerta interpretado pela diplomacia ocidental como uma ameaça grave.
A declaração do porta-voz do presidente russo, Vladimir Putin, reflete a determinação do Kremlin em impedir a Ucrânia de usar a força para tentar retomar o controle sobre o território controlado pelos separatistas no leste da Ucrânia.
O chefe militar da Ucrânia, por sua vez, descartou as alegações russas de que suas forças armadas estejam se preparando para um ataque contra o leste rebelde.
Desde o início do conflito, em 2014, Ucrânia e Ocidente acusam a Rússia de enviar tropas e armas para ajudar os separatistas, acusações que Moscou rejeita. A Casa Branca diz que a Rússia, em sete anos, nunca teve tantas tropas na fronteira.