Galo condena violência contra 67 famílias do povo Kariri Xocó, em Paulo Afonso
Liderados pelo Cacique Jailson dos Santos, representantes do povo indígena Kariri Xocó, de Paulo Afonso, denunciaram ao presidente da Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública da Assembleia Legislativa da Bahia, deputado Marcelino Galo (PT), a destruição e o incêndio da aldeia durante o despejo da tribo, formada por 67 famílias, na última quinta-feira (25). De acordo com Jailson, a área, de 170 hectares no total, esteve abandonada por 30 anos e “pertence ao DNIT”, órgão do Governo Federal. Na ação, relata o líder indígena, “tudo foi destruído, das malocas às plantações”. “Imploramos que os órgãos do governo se sensibilize com nossa situação, porque há um grupo de grileiros tomando as terras, isso está causando sofrimento para as famílias e para nossas crianças”, afirma o cacique, que participou do “1º Acampamento dos Povos Indígenas”, encerrado na quarta-feira (31) no Centro Administrativo, em Salvador. Galo (PT) condenou a ação e a classificou como parte da “escalada de agressões contra os parentes indígenas”.
“Há uma clara escalada na violência contra os povos indígenas e na Bahia não é diferente. Essa reintegração de posse joga 170 pessoas na rua, muitas crianças, todas elas provisoriamente abrigadas em uma escola desativada há cinco anos, sem energia ou água. É inadmissível que tratemos, até hoje, os nossos parentes indígenas dessa forma. Qual o bem maior a ser preservado aqui? O direito à vida e a dignidade dessas pessoas ou a propriedade de uma área pública abandonada pelo Estado brasileiro?”, questiona o parlamentar, que garantiu apoio político ao grupo. “Esse não é um problema dos povos indígenas, esse é um problema da sociedade brasileira e do Estado brasileiro. Essa ação em Paulo Afonso é desumana. Ela coloca inúmeras famílias em situação de vulnerabilidade, desconhece o drama das crianças expulsas, dos idosos, tudo porque a compreensão é que a propriedade está acima da vida. Essa energia da justiça deveria ser gasta é na demarcação das terras de nossos parentes”, afirmou Galo.
Foto divulgação / Daniel Ferreira