O supercílio direito sangrando.
Amparado ele mal conseguia andar para os vestiários.
Boca inchada.
O sueco Alexander Gustafsson provou que Jon Jones é humano.
Fez o americano sofrer nos cinco emocionantes rounds.
Conseguiu dois feitos inéditos logo no início da luta.
Primeiro, com um cruzado abrir o supercílio de Jon Jones.
A confiança do campeão dos meio pesados ficou abalada.
Pela primeira vez sentia o sangue escorrer pelo rosto.
A segunda façanha de Gustafsson foi derrubá-lo.
Os milhares de torcedores em Toronto no Canadá não acreditavam.
Jones era franco favorito na sua sexta defesa de título.
Mas ficou claro durante todo o combate que o preparo físico foi seu inimigo.
Com uma movimentação intensa, o europeu estava bem melhor.
Ele conseguia o que parecia utopia.
Talvez até inspirado em Lioto Machida, com quem Jones detestou lutar.
Alexander socava, chutava e saía o mais rápido possível do alcance do americano.
Com a grande diferença que foi bem mais contundente do que o brasileiro.
Em fotos, Jones mostrou que sua preparação para esta luta não foi tradicional.
Talvez tenha menosprezado o adversário, mostrando uma barriga saliente.
Teve de malhar duro para voltar à forma.
Pelo menos aparentemente.
No octógono foi uma decepção.
Lento, suas cotoveladas, socos, joelhadas voadoras não entravam.
Em várias circunstâncias parecia um veterano, uma caricatura.
O sueco venceu muito bem o primeiro round.
No segundo alguns golpes de Jones o acertaram, perdeu por pouco.
Já no terceiro, estava se impondo.
Abria caminho com jabs e diretos.
A torcida se empolgava com o inesperado.
Mas no final do round, Jones encaixou uma salvadora cotovelada rodada.
E abalou o desafiante.
Mas o quarto round foi o decisivo.
Gustafsson decidiu gastar todo seu gás tentando o nocaute.
E acuou Jones com fortes socos que venceram com facilidade a guarda.
Não se esquecia de chutar muito as pernas do americano.
Estava encurralando o campeão.
Quem acompanhava a luta ficou sem respirar com o que via.
Até que Alexander baixou a guarda e caiu no truque, marca registrada de Jones.
O americano virou o corpo com toda a força, raiva.
E acertou em cheio outra cotovelada rodada.
O impacto do osso na testa do sueco foi assustador.
Logo veio o sangue e claramente ficou tonto.
Jones se vingou do que sofrera.
E desferiu várias outros cotoveladas, socos.
Gustafsson escapou de uma joelhada que mirava seu rosto.
Fugiu correndo por reflexo.
Jones também não teve energia para encurralá-lo na grade.
O campeão voltou para o quinto assalto muito melhor.
Alexander não tinha mais energia.
Nem mesmo para levantar a guarda.
Tomou alguns socos, cotoveladas rasparam seu rosto.
Ele corria, fugia, tudo o que queria era respirar.
E terminar o combate em pé.
Estava exaurido, sua força tinha ido embora.
Até tentou, em um esforço supremo, a ironia.
Uma cotovelada rodada, marca registrada do seu adversário.
Jones como um touro ferido, buscava vingança.
Mas não conseguiu o nocaute.
Ao final da luta, os dois estavam sangrando, tontos de cansaço.
Foi o melhor combate de 2013, um dos que marcarão a história do UFC.
Jones conseguiu bater o recorde de Tito Ortiz.
Alcançou seis defesas do cinturão dos meio pesados.
Tirou o título de Shogun.
Depois venceu sem dificuldade alguma cinco grandes lutadores.
Rampage Jackson, Lyoto Machida, Rashad Evans, Vitor Belfort e Chael Sonnen.
Até que encontrou no octógono Gustafsson.
"Vou ter que pedir licença por um bom tempo.
Esta noite eu estou chocado em todos os sentidos.
Não estou satisfeito com o que eu fiz.
Ele é um lutador duro.
Eu tenho que trabalhar mais, realmente."
Jones tinha até dificuldade para falar.
Estava cansado, com fortes dores e envergonhado.
Dana White era só sorrisos.
Ficou claro que, assim como Anderson Silva, Jones é humano.
E pode ser batido.
Para o presidente não interessam campeões eternos.
Está claro que haverá uma revanche.
Se for na Suécia, poderá ser a maior luta na Europa do UFC.
Com direito a dezenas de milhões de dólares em faturamento.
Glover Teixeira deverá esperar um pouco mais.
Os fãs do MMA merecem acompanhar outro combate entre Jones e Alexander.
O que se viu no Canadá foi inesquecível.
Principalmente para o prepotente campeão.
Sangrando, com o rosto inchado, e sem forças sequer para andar sozinho.
Por um triz o cinturão não foi para a Suécia.
2013 está deixando bem claro.
Acabou o tempo dos lutadores imbatíveis.
O sofrimento de Anderson Silva e de Jon Jones não é por acaso...
(Como é o caso do campeão Dominick Cruz.
Há dois anos ele não consegue lutar por causa de lesões.
Não tem cabimento mais Renan Barão continuar como interino.
Ele é o legítimo campeão dos galos.
Surrou o ex-campeão do WEC Eddie Wineland.
Depois de levar vantagem no primeiro assalto...
Terminou a luta no segundo.
Acertou um chute rodado no rosto de Wineland.
O americano desabou.
E foi coberto por socos do potiguar.
A luta estava acabada, de forma incontestável.
Dana White deu um ultimato a Dominick.
Ou ele luta no início de 2014 ou perderá o título de campeão.
E irá para quem merece.