Memória dispersa de Chorrochó (XIV) Dorotheu Pacheco de Menezes
Neste mês de fevereiro comemora-se, ou pelo menos se deveria comemorar, o aniversário natalício de Dorotheu Pacheco de Menezes. O maior responsável pela emancipação de Chorrochó nasceu em 06.02.1906, quando ainda floresciam os ideais de experimentação republicana. Era a primeira década do século XX, o apagar das luzes do Império e o esvoaçar das cinzas da guerra de Canudos.
Um município que preza sua história – e este parece não ser o caso de Chorrochó – incluiria esta e outras datas importantes do lugar em seu calendário cultural.
Não sou historiador, nem pretendo ser a esta altura da vida, mas tenho dificuldade de entender a indiferença e o descaso com que Chorrochó trata a sua história. Indiferença e descaso inconcebíveis.
Em 2013, por ocasião das comemorações do aniversário do município, o nome de Dorotheu passou quase imperceptível. A organização do evento não deu o destaque merecido à memória do baluarte da emancipação, ou por falta de sensatez política ou por excesso de insensatez cultural.
Todavia, relembro a data com o intuito único de firmar na memória dos jovens chorrochoenses de hoje o sentido de que foi a luta e o idealismo de alguns antepassados que construíram as condições da terra em que hoje vivemos. Dorotheu é um exemplo disto. Exemplo claro, inegável, inquestionável, incontrastável. E compreensível, porque ele ocupou a dianteira em prol da emancipação.
Há alguns anos, em passagem pela Biblioteca Municipal Padre José Torres Costa, em Curaçá, encontrei lá um cidadão que me disse haver lido o livro Dorotheu: caminhos, lutas e esperanças. Antes da leitura do livro - dizia ele - não sabia que Dorotheu tinha sido vereador em Curaçá. A conversa descambou para o terreno das generalidades e aquele cidadão demonstrou grande interesse pela história do lugar. Mas não há estímulos, não se fazem campanhas incentivadoras de leituras e realizam-se somente eventos esporádicos, isolados, pontuais, desidratados de conteúdo duradouro.
Argumentar-se-á que o passado é assunto para museus. Também é, mas isto não exclui o respeito que devemos ter por nossas tradições e nossos antepassados. O passado é a raiz do presente e certamente será do futuro.
Há um projeto na Câmara Municipal de Chorrochó de autoria do dinâmico vereador Marcos Vinicios Pereira Jericó (Ciel) dando a uma praça da cidade o nome de Dorotheu Pacheco de Menezes. O projeto está lá, esquecido, engavetado, despercebido, negligenciado. Sequer foi analisado pela comissão competente. Suponho que os excelentíssimos vereadores trabalham muito, não têm tempo de apreciá-lo. Mas estender um olhar mais responsável sobre a história de Chorrochó eles podem. Sei que podem.
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Fonte: Blog Walter Araújo